segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Como a cerveja entrou em minha vida

Para falar de cerveja é preciso buscar um ponto de partida e ir até o dia que ela entrou em minha vida. É impossível precisar a data, mas a certeza que tenho é que foi no começo da década de 90, com meus quase 10 anos de idade.
Calma, na época eu não bebia, estava começando a desenvolver o hábito de colecionar latinhas de cerveja.

Na Copa do Mundo de Futebol de 1994, onde o Brasil viria a conquistar o Tetra, diversas marcas fizeram latas alusivas ao evento e aquilo impulsionou meu espírito colecionador. Lembro até hoje de uma Stroh´s (EUA) que homenageava o Brasil e destacava na lata o fato de ser o único país presente em todas as Copas. Na época eu caminhava pela cidade de olho no chão para achar latinhas. A reciclagem não funcionava como funciona hoje e não era difícil encontrar, não foram raros os momentos em que me enfiava em matagais e canteiros para resgatar latinhas. A coleção foi crescendo e comecei a comprar exemplares, sem dificuldades pela idade na época, a única dificuldade era encontrar um lugar que vendesse latinhas importadas.
As latas cheias eu tinha medo que de alguma forma pudesse vazar, por oxidação, queda, pressão... para evitar eu esvaziava as latinhas. Havia escutado em algum lugar que a latinha mantinha seu valor comercial (?) para coleção se deixasse o lacre intacto na parte superior. Então eu fazia dois furos bem pequenos na parte inferior da lata e jogava no ralo toda a cerveja. Achava o máximo fazer aquilo e hoje imagino quantas cervejas maravilhosas eu joguei fora. Comigo não existe aquela de “gole para o santo” já dei toda a minha cota para ele na infância. Infelizmente com o tempo fui perdendo o interesse pela coleção, foi para um canto, foi para uma caixa, outro canto, doei algumas e por fim nem sei que fim deu, lamentável.

Essa Classe Royale – Pilsener (Holanda) é uma das poucas que sobreviveu a esses quase 20 anos.

Ai veio a adolescência, a entrada para a vida adulta e naturalmente virei um tomador de cerveja.
Vítima de uma indústria que não oferece diversidade e informação ao público sempre tomei as Light Lager, que a maioria das cervejas no Brasil são chamadas erroneamente de Pilsen (Skol, Brahma, Polar, Antarctica, etc).
No começo não me importava muito com a marca, simplesmente tomava estupidamente gelada e deu. Com o tempo percebi que algumas eram um pouco melhor e passei a tomar as Premium (Bohemia, Stella Artois, Serra Malte, Budweiser, Heineken, etc). Eu estava satisfeito e feliz, só tinha que aguentar as cornetas de alguns amigos que viam eu tomando e diziam “ta grandão em? Cerveja de rico”. Eu até tentava argumentar dizendo que o pouco preço a mais compensava pois eram melhores. Eles só respondiam que eram muito caras. 
Como eu disse, até ai eu estava satisfeito e feliz, mas eis que em determinado momento eu descubro a cerveja artesanal, a cerveja de verdade.



Em 2010 é fundada em Santa Cruz do Sul, por um grupo de amigos, a Cervejaria Heilige. Logo tomei a Pilsen deles e adorei, claro, quem não adoraria? Uma Pilsen Puro Malte que segue a Lei de Pureza da Alemanha, para mim isso já foi um divisor de águas. Eles fazem outros estilos, mas eu ainda estava no piloto automático, não conhecia nada e ia sempre naquela maravilhosa Pilsen que acabará de conhecer. Até que um dos sócios, meu amigo Henrique “Ice” Eisenberger me apresentou a Red Ale. Foi fisgada ao primeiro gole, credito a ele minha descoberta das cervejas de verdade. Talvez fosse uma coisa que aconteceria naturalmente, mas ele abreviou essa descoberta.

Hoje eu gosto muito de cerveja, antes de descobrir a cerveja artesanal eu gostava de muita cerveja.

Passei a experimentar diferentes estilos e a ler sobre eles.


Numa certa oportunidade a Heilige fez uma brassagem coletiva e fui convidado a participar. Enquanto tomava Red Ale eu vi a mágica da cerveja acontecer diante dos meus olhos. Acompanhei atentamente todos os processos explicados pelo Mestre Cervejeiro Paulo Sarvacinski, desde a moagem dos grãos até a perfumada fervura. Me apaixonei por aquilo e comecei a estudar ainda mais sobre cerveja, sobre processos de produção, ingredientes e descobri que era possível fazer cerveja em casa. Ai foi só uma questão de tempo e muito estudo para fazer a minha própria cerveja, mas essa história vou deixar para outro post.

Abraço!!

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