Para
falar de cerveja é preciso buscar um ponto de partida e ir até o
dia que ela entrou em minha vida. É impossível precisar a data, mas
a certeza que tenho é que foi no começo da década de 90, com meus
quase 10 anos de idade.
Calma,
na época eu não bebia, estava começando a desenvolver o hábito de
colecionar latinhas de cerveja.
Na
Copa do Mundo de Futebol de 1994, onde o Brasil viria a conquistar o
Tetra, diversas marcas fizeram latas alusivas ao evento e aquilo
impulsionou meu espírito colecionador. Lembro até hoje de uma
Stroh´s (EUA) que homenageava o Brasil e destacava na lata o fato de
ser o único país presente em todas as Copas. Na época eu caminhava
pela cidade de olho no chão para achar latinhas. A
reciclagem não funcionava como funciona hoje e não era difícil
encontrar, não foram raros os momentos em que me enfiava em matagais
e canteiros para resgatar latinhas. A coleção foi crescendo e
comecei a comprar exemplares, sem dificuldades pela idade na época,
a única dificuldade era encontrar um lugar que vendesse latinhas
importadas.
As
latas cheias eu tinha medo que de alguma forma pudesse vazar, por
oxidação, queda, pressão... para evitar eu esvaziava as latinhas.
Havia
escutado em algum lugar que a latinha mantinha seu valor comercial (?) para coleção se deixasse o lacre intacto na parte superior. Então
eu fazia dois furos bem pequenos na parte inferior da lata e jogava
no ralo toda a cerveja. Achava o máximo fazer aquilo e hoje imagino
quantas cervejas maravilhosas eu joguei fora. Comigo não existe
aquela de “gole para o santo” já dei toda a minha cota para ele
na infância. Infelizmente com o tempo fui perdendo o interesse pela
coleção, foi para um canto, foi para uma caixa, outro canto, doei
algumas e por fim nem sei que fim deu, lamentável.
Essa
Classe Royale – Pilsener (Holanda) é uma das poucas que sobreviveu
a esses quase 20 anos.
Ai
veio a adolescência, a entrada
para a vida adulta e naturalmente virei um tomador de cerveja.
Vítima
de uma indústria que não oferece diversidade e informação ao
público sempre tomei as Light Lager, que a maioria das cervejas no
Brasil são chamadas erroneamente de Pilsen (Skol, Brahma, Polar,
Antarctica, etc).
No
começo não me importava muito com a marca, simplesmente tomava
estupidamente gelada e deu. Com o tempo percebi que algumas eram um
pouco melhor e passei a tomar as Premium (Bohemia, Stella Artois,
Serra Malte, Budweiser, Heineken, etc). Eu estava satisfeito e feliz,
só tinha que aguentar as cornetas de alguns amigos que viam eu
tomando e diziam “ta grandão em? Cerveja de rico”. Eu até
tentava argumentar dizendo que o pouco preço a
mais compensava pois eram
melhores. Eles só respondiam que eram muito caras.
Como eu disse, até ai eu estava satisfeito e feliz, mas eis que em determinado momento eu descubro a cerveja artesanal, a cerveja de verdade.
Como eu disse, até ai eu estava satisfeito e feliz, mas eis que em determinado momento eu descubro a cerveja artesanal, a cerveja de verdade.
Em 2010 é fundada em Santa Cruz do Sul, por um grupo de amigos, a Cervejaria Heilige. Logo tomei a Pilsen deles e adorei, claro, quem não adoraria? Uma Pilsen Puro Malte que segue a Lei de Pureza da Alemanha, para mim isso já foi um divisor de águas. Eles fazem outros estilos, mas eu ainda estava no piloto automático, não conhecia nada e ia sempre naquela maravilhosa Pilsen que acabará de conhecer. Até que um dos sócios, meu amigo Henrique “Ice” Eisenberger me apresentou a Red Ale. Foi fisgada ao primeiro gole, credito a ele minha descoberta das cervejas de verdade. Talvez fosse uma coisa que aconteceria naturalmente, mas ele abreviou essa descoberta.
Hoje
eu gosto muito de cerveja, antes de descobrir a cerveja artesanal eu
gostava de muita cerveja.
Passei
a experimentar diferentes estilos e a ler sobre eles.
Numa
certa oportunidade a Heilige fez uma brassagem coletiva e fui
convidado a participar. Enquanto tomava Red Ale eu vi a mágica da
cerveja acontecer diante dos meus olhos. Acompanhei atentamente todos os
processos explicados pelo Mestre Cervejeiro Paulo Sarvacinski, desde
a moagem dos grãos até a perfumada fervura. Me apaixonei por aquilo
e comecei a estudar ainda mais sobre cerveja, sobre processos de produção, ingredientes e
descobri que era possível fazer cerveja em casa. Ai foi só uma
questão de tempo e muito estudo para fazer a minha própria cerveja,
mas essa história vou
deixar para outro post.
Abraço!!
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