sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Certificado de Aprendiz Cervejeiro

É difícil dizer quando comecei a tomar cerveja artesanal, mas sei exatamente o dia em que resolvi que iria fazer a minha própria cerveja. Em Outubro de 2011, durante a Oktoberfest, a Cervejaria Heilige fez uma brassagem demonstrativa para alguns convidados. Enquanto o Mestre Cervejeiro, Paulo Sarvacinski demonstrava todos os processos da produção, o perfume da brassagem tomava conta da cervejaria e eu me apaixonava por toda aquela mágica de transformar o grão em cerveja. Depois daquele dia comecei a montar meu equipamento.

E isso tem até certificado hehehe.



De lá para cá muita coisa mudou, hoje encontramos cerveja artesanal em Supermercados, nos melhores restaurantes e até em casas especializadas, acreditem, na época era um milagre achar bons rótulos em qualquer lugar na cidade.
A Heilige mostrou que nasceu para ser gigante e esse ano foi eleita a cervejaria do ano pela South Beer Cup e com o brew pub apresenta o mundo das cervejas artesanais para novos consumidores diariamente. 
Henrique Dopke saiu das panelas homebrewer para lançar a Cervejaria HBier, sendo a segunda micro cervejaria em atividade de Santa Cruz do Sul, com excelentes rótulos e ministrando cursos de produção caseira vem aumentando o número de cervejeiros na cidade.
Fundamos a CerVale, uma associação de cervejeiros que mensalmente desenvolve inúmeras atividades e já conta com quase 100 cervejeiros associados. 
Santa Cruz ganhou o Festival da Cerveja Gaúcha que se firmou como o maior festival de cerveja artesanal do Rio Grande do Sul e um dos maiores do país.
E a minha cerveja? Bem, eu sigo firme e forte com a Franke Bier produzindo e criando receitas. 
O ano de 1015 foi muito especial, pois pela primeira vez participei de um concurso de cervejas, o Concurso Nacional de Cervejas Artesanais das AcerVas. Com 700 cervejas participantes e 17 categorias, inscrevi apenas duas cervejas e ambas foram muito bem, a Franke Bier Red Ale ganhou certificado de Bronze do BJCP (Beer Judge Certification Program) e a Virgínia, cerveja que leva tabaco na receita, ganhou certificado de Prata e medalha de Bronze, ou seja, foi eleita a terceira melhor cerveja do concurso na categoria.Isso foi notícia em jornais, sites, blogs. Ela conquistou o paladar de muita gente pela sua complexidade e embarcaram amostras para os EUA, Suécia, Espanha e em breve algumas estão embarcando para Alemanha. O #deGusta Franke Bier esta a cada edição melhor, criei o blog para compartilhar algumas idéias, que eu sei, anda um pouquinho parado.
Em relação a Franke Bier muitas novidades estão por vir!!
Cabe aqui agradecer a todos que me apoiam, família, amigos, confrades cervejeiros. 
Agradecer os que apoiam a cerveja artesanal, os produtores locais e posso afirmar com muita certeza que tudo isso é só o começo. 
Viva a revolução cervejeira, viva a cerveja de verdade!!!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Cerveja com Fumo e medalha de Bronze


Santa Cruz do Sul é um dos principais núcleos da colonização alemã do Rio Grande do Sul. Na cidade acontece a maior festa germânica do Estado, a Oktoberfest
Ainda é a casa do Festival da Cerveja Gaúcha, evento que reúne as melhores cervejarias artesanais do Rio Grande do Sul.
Também conhecida como Capital Mundial do Fumo, onde as principais empresas do setor estão presentes na cidade. Milhares de famílias se dedicam a produção do tabaco, sendo esse o principal produto agrícola. 85% do fumo produzido e processado na cidade é destinado à exportação, colocando Santa Cruz do Sul, com aproximadamente 125.000 habitantes, entre as cidades que mais arrecadam ICMS.
Estima se que no Brasil 183 mil famílias vivem da cultura do tabaco e o país é o maior exportador de fumo do mundo.

Buscamos na cerveja homenagear os moradores da cidade, todas as famílias que trabalham com tabaco e todas as empresas fumageiras instaladas em santa Cruz do Sul, que geram milhares de empregos, riquezas e desenvolvem inúmeros programas sociais e ambientais.

A Franke Bier Virgínia é uma cerveja de alta fermentação, forte, com 8,5% de álcool, cor negra, espuma de média formação e consistente. Foi maturada em carvalho francês durante 40 dias.
 
Para termos um Terroir de Santa Cruz do Sul utilizamos na receita dessa cerveja folhas de tabaco orgânico da variedade Virgínia de um produtor local.

Franke Bier Virgínia - Cerveja com tabaco medalha de Bronze no X Concurso Nacional de Cervejas Artesanais
Foi um grande desafio produzir essa cerveja, foi praticamente um ano só desenvolvendo a receita. Com o blend de maltes e lúpulos definidos era hora do fumo entrar na receita.
Quando fiz o curso Técnico em Agropecuária meu estágio curricular foi numa empresa fumageira na área de Pesquisa e Desenvolvimento, isso me ajudou a definir como usar o fumo na receita. Precisava de um fumo orgânico livre de agroquímicos que poderiam trazer características indesejadas para a cerveja.


Nessa busca entrou meu amigo de longa data, Lucas Rangel Rosa Correa, que também estudou comigo e que trabalha dando assistência técnica a produtores integrados a Souza Cruz.

Foram inúmeros testes até definir como seria a receita e no final a cerveja ficou exatamente como eu havia imaginado.

Tabaco Virgínia como ingrediente para a cerveja.


De 04 a 06 de Junho de 2015 Porto Alegre sediou o X encontro Nacional das AcervAs e junto aconteceu o X Concurso Nacional de Cervejas Artesanais. Concurso homologado e com as diretrizes do Beer Judge Certification Program, com juízes certificados pelo BJCP. 





O maior objetivo era após o concurso receber os relatórios dos jurados e saber como a cerveja foi e onde podemos melhora-la. Sabia que era boa, mas não criei muita expectativa em receber medalha até por que a receita foi totalmente criada e foi difícil até classifica-la para o Concurso.

Ao todo eram 700 cervejas de todo o Brasil concorrendo em 17 categorias e ela se enquadrou justamente numa das categorias mais difíceis (BJCP - 23A Specialty Beer). 

Para minha surpresa a Franke Bier Virgínia ganhou Medalha de Bronze.

Fiquei muito feliz com a cerveja e extremamente contente e surpreso com o resultado do Concurso. A receita foi totalmente criada, pensando em fazer uma cerveja que fosse complexa, mas que impressionasse quem tomar, assim como Santa Cruz do Sul impressiona seus visitantes.

Nesse momento quero agradecer a minha mulher Jessica Regert, minha filha Sthéfanie (que me inspira para tudo). 
A dona da medalha posando para foto

Toda minha família, especialmente meu pai Liberato, minha mãe Isolde e meus irmãos. 

Preciso agradecer ao Lucas pela ajuda com o tabaco.

Os cervejeiros: 
Marcos Kenner (Kenner Craft Beer);
David Redmaerski Junior (RedCor); 
Ilceu Dimer (Bodebrown);
Paulo Sarvacinski (Cervejaria Heilige); 
Gustavo Eidt (Hexerei) pelas dicas e trocas de experiências.

A todos os amigos da CerVale e especialmente a Cervejaria Heilige, grandes parceiros que cravaram Santa Cruz do Sul no mapa das boas cervejas.





Um grande abraço e agora vou responder as centenas de mensagem que recebi quando o resultado foi anunciado. Posteriormente farei um Post para falar apenas sobre o X Encontro Nacional das AcervAs. 




Muito obrigado a todos!!


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Vídeo - Minha primeira brassagem

De 14 a 20 de Abril de 2015 aconteceu o 1º Congresso Nacional da Cerveja (CONCERVEJA). Um evento Online que reuniu alguns dos maiores especialistas em cerveja do Brasil.

Para entendermos a grandiosidade do evento vão alguns números:
7 Dias de conteúdo;
22 Palestras gratuitas com alguns dos Maiores Especialistas em Cerveja do Brasil e do Mundo;
2.273 Pessoas assistindo ao vivo uma palestra Online;
1.106 Expectadores por palestra em média;
5 Continentes - Audiência em todos os cantos do Mundo.

Ainda durante o Congresso falei para o idealizador e organizador do evento Daniel Dinslaken que só entenderíamos a grandiosidade do CONCERVEJA após ele terminar.
O nível das palestras, com temas para cervejeiros experientes, entusiastas e até para pessoas com pouco conhecimento, mas que buscam informações para conhecer mais sobre cerveja, ou mesmo para começar a fazer sua própria cerveja.

Volto a parabenizar o Daniel e toda a equipe do CONCERVEJA pela iniciativa de fazer aqui no Brasil o maior congresso Online Mundial sobre cerveja. Foram dias de muito aprendizado onde quem mais ganhou foi justamente a cultura cervejeira do Brasil.

Durante o Congresso rolou uma promoção onde o Daniel pediu para os cervejeiros mandar um vídeo de 3 minutos falando como foi a primeira produção de cerveja. Receita escolhida, o que deu certo, o que deu errado, curiosidades, etc.

Quem mandasse o vídeo iria concorrer a alguns prêmios.

Eu só soube da promoção justamente no último dia que poderia enviar o vídeo. Resolvi gravar, não pensando nos prêmios, que eram bacanas, mas por querer compartilhar minha experiência com quem está pensando em fazer cerveja.
Sem edição, com câmera digital normal, sem texto decorado, sem captação auxiliar de audio, sem maquiagem (hehe). Ou seja, gravei e na mesma hora mandei. E não é que tive a sorte de ganhar uma placa decorativa de metal para colocar na parede. Posteriormente coloco aqui uma foto do prêmio que ganhei ao enviar o vídeo.

Agora trago aos amigos do Blog o vídeo para que todos saibam as curiosidades de como foi minha primeira brassagem.



sexta-feira, 24 de abril de 2015

Destino Cervejeiro - Visita a Bodebrown

No começo do ano passei alguns dias trabalhando em Maringá, a terceira maior cidade do estado do Paraná. Uma cidade projetada, com avenidas largas, organizadas, com rotatórias e muitas árvores. É considerada uma das cidades mais arborizadas do país.
Queria ter aproveitado a oportunidade para conhecer e tomar algumas cervejas com o cervejeiro David Redmerski Junior, o qual conheci através de internet e já batemos muito papo sobre cerveja. Porém a agenda estava lotada todos os dias e teve que ficar para uma próxima.
O detalhe é que o David é cervejeiro caseiro e fez uma de suas receitas em parceria com a Cervejaria Araucária. A cerveja foi a RedCor Ryequeoparta, uma Black IPA com 110 IBUs.
O resultado dessa cerveja colaborativa entre em cervejeiro caseiro e uma micro cervejaria foi nada mais, nada menos, que uma medalha de Ouro Festival Brasileiro da Cerveja de Blumenau e ainda foi a terceira cerveja com maior pontuação de todas que foram premiadas no festival, ou seja, a terceira melhor cerveja do Brasil. E pensar que talvez eu poderia ter tomado ela em primeira mão....affff

Para retornar para o RS eu faria uma escala no Aeroporto de Curitiba, na verdade não seria uma escala, seria um chá de cadeira por longas horas.

Pensar em Curitiba para mim é pensar em Bodebrown.

Olhei para o relógio e daria tempo suficiente para sair e conhecer a Bodebrown. Mandei uma mensagem para o Samuel Crhistophe Cavalcanti Cabral, proprietário da cervejaria que disse que eu poderia ir, embarquei num táxi e fui.

Sempre que vamos conhecer um lugar novo existe aquele expectativa de "como será...".

Ao sair de uma avenida movimenta e entrar numa ruazinha menor, de pouco movimento, sabia que estávamos chegando. Até que eu falei para o taxista: "Pode me deixar ali naquela kombi estacionada". 
Não era uma simples kombi estacionada na rua.

Era a KombIPA estacionada em frente a Bodebrown.


Fui recepcionado pelo Gerente e Mestre Cervejeiro Sr Ilceu Dimer que disse que não poderíamos fazer a visitação normal na cervejaria pois ele estava no meio da brassagem de uma Tripel, mas se quisesse poderia acompanha-lo. Eu disse que conhecia todos os processos e que seria muito melhor acompanhar a produção.


Cozinha da Bodebrown




O dia estava quente e ficamos na sala de brassagem da Bodebrown batendo papo. O mosto foi transferido para a panela de fervura e ficou ainda mais quente, muito quente. Porém foi um dos bate papo sobre cerveja mais agradáveis que já tive.






Fervura da Tripel


O Sr Dimer é uma pessoa extraordinária com enorme experiência, que gosta de compartilhar conhecimento e é apaixonado pelo que faz. Esse ano vai completar 37 anos trabalhando com cerveja, dono de mais de 50 medalhas e prêmios em torneios de cerveja pelo mundo, faz consultorias e treinamentos para inúmeras cervejarias.







Sr Ilceu Dimer - Gerente e Mestre Cervejeiro da Bodebrown
Impossível não se encantar com suas histórias vividas pelo longo da carreira.


Sala de maturação em barris


Aproveitei a oportunidade para pegar algumas dicas de cervejas maturas em barris de madeira reutilizados da indústria vitivinícola, o que tem virado uma especialidade da Bodebrown.

Imperial Stout maturando no barril desde 06/03/2014

Para quem não conhece, a Bodebrown é uma cervejaria-escola fundada por Samuel Cavalcanti. Infelizmente o Samuel não estava na cervejaria no momento que cheguei e não tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente, embora seu trabalho e engajamento com a cultura cervejeira já acompanho a bastante tempo.
Junto a cervejaria tem uma loja, onde além das cervejas tem a venda insumos para fabricação caseira de cerveja, insumos que vão das panelas, baldes fermentadores a malte, lúpulos e levedura. Tudo que precisa para produção de cerveja caseira tem a venda na loja de maneira bem fracionada.
Poderia me estender por longos parágrafos falando sobre o Samuel e a Bodebrown, mas vou compartilhar com vocês um excelente vídeo da Debruer Tv que retrata muito bem o que eu gostaria de dizer.

Bem, minha vontade era passar a tarde toda ali e congelar o tempo, mas passou voando enquanto conversava com Sr Dimer e eu não poderia correr o risco de perder meu voo pois teria uma reunião no outro dia pela manhã. Tratei de voltar para o aeroporto, não deu tempo nem de degustar cerveja, mas ainda consegui chegar com certa antecedência para meu voo.

Claro que depois de visitar uma cervejaria, falar sobre cerveja e acompanhar a produção de uma Tripel eu estava com sede. Em aeroportos encontrar um cerveja de verdade é quase impossível, mas me surpreendi com o aeroporto de Curitiba, com o Stoppen Beer para ser mais específico. Um lugar com dezenas de rótulos de cervejas artesanais e importadas, pratos com sugestão de harmonização com cerveja por estilos e alguns rótulos on tap.





Pedi uma Way American Pale Ale na pressão e novamente tive vontade de congelar o tempo e até torci para que meu voo atrasasse, mas para o meu "azar" foi pontual.

Ficou apenas o sentimento de que será uma parada obrigatória em todas as passagens pelo aeroporto de Curitiba e ser uma pena não ter um Stoppen Beer em mais aeroportos do Brasil.

 Abraço e até o próximo Destino Cervejeiro














terça-feira, 14 de abril de 2015

Franke Bier - Tornado Alley (APA)

2015 começou movimentado e corrido, especialmente os meses de fevereiro, março e abril.
Não é uma desculpa, mas é um dos motivos de não ter feito nenhum post recentemente. Porém não abandonei o blog, durante esse tempo escrevi algumas coisas só não postei ainda. Em breve teremos um post Destino Cervejeiro com todos os detalhes de uma visita que fiz a Cervejaria e Escola Bodebrown, uma viagem quase nada cervejeira pelo Nordeste e mais alguns Mitos Cervejeiros.

No dia 22/03 foi aniversário da matriarca da família Franke.



Minha avó Ilory Franke comemorou 87 anos juntando todos os filhos, genros e noras, quase todos netos, bisnetos, familiares e amigos.
Fácil imaginar que foi uma grande e bela festa.




Escolhi essa data para inaugurar uma receita nova, a Franke Bier Tornado Alley, e esse post é para falar dessa cerveja.
Gosto das histórias e curiosidades por traz dos rótulos e das cervejas e a Franke Bier Tornado Alley tem suas curiosidades.
A receita criei basicamente com insumos que tinha sobrando e apenas no blend de malte que farei correções para as próximas levas.

APA é a sigla para American Pale Ale, uma adaptação americana para o estilo India Pale Ale (IPA). Em Escolas-cervejeiras vimos que as IPAs surgiram no começo do século XVI, onde para não estragar em longas viagens de navio, os Ingleses faziam a cerveja com uma quantidade extra de lúpulo, que por ser um conservante natural garantiam a qualidade da cerveja por mais tempo. Já a Escola Americana se caracteriza por cervejas extremas, releituras de estilos clássicos, mas carregados de lúpulo e estilos novos onde o show fica por conta dos aromas e amargor dos lúpulos.
Agora tente imaginar a APA.... Definitivamente é uma cerveja lupulada e EXTREMA.
Meu objetivo era fazer uma cerveja que o show seria por conta dos lúpulos. Para isso utilizei um blend suave de maltes e diferentes técnicas de lupulagem como First Wort Hopping, Late Hopping, Whirpool Hopping e finalizei com Dry Hopping. Foram 3 tipos diferentes de lúpulos, todos americanos.

E por que Tornado Alley?
Seguindo no pensamento de coisas extremas, talvez o evento meteorológico mais extremo da natureza sejam os tornados.
Tornado Alley é o termo para designar a região dos EUA que mais sofre com a incidência de tornados. A localização abrange vários estados que frequentemente são atingidos pelo fenômeno.

Ok, só isso? Não, isso ainda não explica o nome. Só mais um pouco!!!

Enquanto fazia minha Franke Bier extrema eu não tinha nome para ela ainda. Estava no meio do processo e tudo correndo dentro do planejado.
Quando faço a cerveja, tiro o dia apenas para isso, então minha mulher foi trabalhar de moto. A tardinha, quando eu iria iniciar a fervura do mosto, ela estava saindo do trabalho.


Meu telefone tocou e era ela ligando para dizer que haviam roubado a moto do estacionamento.

Pesei os lúpulos rapidamente, deixei todos separados, peguei o carro e corri com ela para a polícia.
Enquanto fazia o Boletim de Ocorrência eu controlava o tempo de fervura. Nas adições de lúpulo que ligava para minha irmã que instrui para cuidar a fervura.

Após o B.O. voltei para a produção, encerrei a fervura, fiz o Whirpool Hopping, comecei o resfriamento do mosto, deixei novamente minha irmã controlando e fui com um amigo para a periferia da cidade procurar a moto.

Literalmente a cabeça estava em dois lugares, na moto que haviam roubado e eu estava procurando num lugar nada amistoso, correndo até risco pois estava negóciando "regaste" com criminosos e a cabeça também estava na brassagem da minha primeira APA, que certamente seria inesquecível em virtude desse episódio.

Ai que me veio a ideia do nome.

A moto era uma Honda Tornado e na mesma hora fiz a analogia do nome com o fenômeno extremo praticamente típico americano, os Tornados.
Uma cerveja inspirada na escola americana, com lúpulos americanos e com características extremas poderia se chamar Tornado.
Alley é uma pequena referência a leveduras de alta fermentação que utilizei, mais conhecidas com Ale. Fechou todas - Franke Bier Tornado Alley


Lúpulo Amarillo utilizado na receita


Apesar de todos os imprevistos ao tomar o primeiro gole da Franke Bier Tornado Alley eu esqueci de todos os contratempos que tive e a cerveja ficou espetacular. Já estou programando e segunda leva, mas dessa vez sem eventos extremos e inesperados, por favor!!




Franke Bier Tornado Alley (American Pale Ale) - Cerveja de alta fermentação, não filtrada com coloração âmbar claro com leve turbidez decorrente do Dry Hooping. Espuma branca, cremosa e consistente.










Aroma cítrico, frutado e herbal. Na boca um leve dulçor dos maltes que logo é substituído por um delicioso amargor moderado que remete a maracujá. Excelente drinkability.







terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Budweiser declara guerra a cerveja artesanal e a resposta

No último final de semana milhares de pessoas assistiram a grande final da NFL, a liga profissional de futebol americano dos Estados Unidos.
A popularidade do futebol americano tem crescido muito, a final foi transmitida para 171 países em 30 idiomas diferentes.
Nos Estados Unidos a final do esporte mais popular na terra do Tio Sam bateu recorde de audiência, a partida foi assistida por 21,8 milhões de pessoas pela ESPN.

Tão disputado quanto o jogo, os espaços publicitários e os comerciais dos intervalos costumam gerar grande repercussão. Seja pelas mega produções que os publicitários fazem, seja pelo time de estros e estrelas escalados para os comerciais, pela criatividade das campanhas e até pela fortuna desembolsada.

Nas inserções de 30 segundos no intervalo os espaços foram comercializadas por R$10,8 milhões.

A Budweiser sempre está no time de empresas que fazem esse investimento. Em 2013 emocionou a todos com um comercial que mostrava a amizade entre um cavalo e seu criador, na sequência um cachorrinho entrou na história. Mas esse ano a estratégia foi outra, resolveram atacar as cervejas artesanais.

Recentemente a Budweiser, que sempre foi a "queridinha" dos americanos, foi ultrapassada em volume de consumo pelas cervejas artesanais.




Basicamente o futebol americano é um jogo de conquista de território. Por estar perdendo mercado talvez os publicitários da Budweiser viram ai uma oportunidade de atacar quem mais vem ganhando território, mercado e conquistando consumidores.

Imediatamente o comercial criou polêmica entre os cervejeiros, onde a grande maioria repudiou o comercial, que chega a ironizar os consumidores. Houve quem defendesse que a marca apenas se firmou junto ao seu público consumidor.
Eu acho que a campanha mostrou todo o desespero da Budweiser.

Se estivesse bem poderia falar apenas de sua cerveja e não atacar outras cervejas e consumidores.
Assista o vídeo abaixo e tire suas próprias conclusões.


Não é a primeira vez que a gigante ataca as cervejas artesanais.
Vejam o comercial abaixo onde um cara vai ao mercado comprar cerveja, quando ele escolhe um pac de cerveja artesanal aparece um cavalo que reclama da escolha, ai o homem pega o de Budweiser e fica tudo bem.
Logo lembrei do ditado: "Quem gosta de milho é galinha". Acho que nesse comercial o ditado pode ser aplicado ao cavalo, ou o ditado seria aplicado ao homem mesmo?

Tenho certeza que a resposta das cervejas artesanais vai ser na qualidade e a dos consumidores vai ser na escolha por tomar uma cerveja que ofereça muito mais que um simples beber cerveja.

Atualizado:
Logo após uma semana que fiz esse post, volto aqui para atualizar com um vídeo que a Hop Stories fez como resposta das cervejas artesanais ao comercial.
O vídeo é exatamente no mesmo formato do comercial da Budweiser, uma resposta direta.
Foi muito grande a repercussão dessa ação da Budweiser mas creio que devem ter se arrependido. Na página oficial da gigante no Youtube do total de "likes" no vídeo 87% são negativos. Imaginando que existem um departamento do Marketing que pensou muito nessa campanha, o tiro saiu pela culatra. Possivelmente nunca um comercial da NFL, de tamanho investimento e de qualquer empresa teve uma repercussão tão negativa.
Assista resposta da Hop Stories abaixo ja conta com 98% de "likes" positivos.




terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Mitos e confusões: Cerveja x Chopp (1)

Muitos são os fatores que contribuem para que a cerveja brasileira tenha tantas confusões, informações incorretas, mitos e desinformação. Em uma pequena série (Mitos e confusões) vou tentar elucidar alguns que considero os principais mitos e dúvidas relacionada a cerveja.
Nesse primeiro post vou abordar uma dúvida muito comum do público em geral e muitas pessoas ja me perguntaram:

Qual a diferença entre cerveja e chopp?

NENHUMA, só no Brasil existe essa diferenciação. O processo de produção e os ingredientes são os mesmos. A confusão começou como uma herança dos imigrantes alemães que pediam um chopp no balcão do bar. A descrição correta é Schopp e é uma medida alemã que corresponde a 300ml, ou seja, ao pedir um chopp o alemão estava pedindo um copo de cerveja de 300ml servida do barril. Se você for na Alemanha e pedir um chopp o garçom vai ficar olhando e vai perguntar de qual cerveja.
Com o tempo não só os imigrantes alemães, mas todas pessoas pediam chopp quando queriam tomar uma cerveja direto do barril. Então o governo através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou uma regra:

A cerveja em barril, não pasteurizada seria chamada de chopp, já quando engarrafada (ou lata), que passa pelo processo de pasteurização, seria chamada de cerveja.

O processo de Pasteurização consiste em aquecer as garrafas e "matar" as leveduras responsáveis pela fermentação e o CO² deixando assim a cerveja biologicamente estável, podendo ficar em temperatura ambiente, nas gandulas dos supermercados e com um prazo de validade maior.

A cerveja engarrafada ou em barril que não passa pelo processo de pasteurização precisa ficar em ambiente refrigerado. Em temperaturas baixas as leveduras presentes na garrafa entram em estado de dormência. Se ficarem em temperatura ambiente e ainda existir "alimento" para essas leveduras elas continuarão trabalhando e aumentando a pressão na garrafa até que a mesma exploda ou a cerveja fique com uma carbonatação excessiva.

A diferença então seria a pasteurização?

Seria, mas não é.

Confuso? A confusão fica melhor ainda agora que as grandes cervejarias fazem pasteurização até nos barris, então a diferença já não existe mais.



Para tornar a coisa mais divertida é comum ver cervejarias vendendo chopp em garrafa, ainda mais cara do que sua versão em cerveja pasteurizada.



Vemos garrafas que no rótulo diz "não pasteurizadas" mas estão em temperatura ambiente em prateleiras dos supermercados e lojas especializadas.



Podemos ver a da palavra Chopp no rótulo de muitas cervejas engarrafadas como por exemplo na garrafa da cerveja Brahma. Puro marketing.




Como eu disse acima, essa diferenciação só ocorre no Brasil, em outros países se especifica como você quer a sua cerveja. No barril (por exemplo Draft Beer nos EUA ou Vom Fass na Alemanha ) ou em garrafa (Bottle Beer ou Bierflaschen).

Mas alguém pode dizer: "mas a cerveja no barril é melhor". Sim, realmente é muito melhor. É melhor o sabor, o aroma e até a aparência. Geralmente é uma cerveja mais fresca, da uma sensação de ser mais leve e fácil de tomar. A pasteurização mata as leveduras em suspensão na cerveja e mata também parte do sabor e aroma.

Como devemos chamar?

Muita coisa esta mudando no cenário cervejeiro do Brasil, recentemente o MAPA reuniu representantes de grandes cervejarias, micro cervejarias, cervejeiros caseiros e outros especialistas para definir uma revisão dos Padrões de Identidade e Qualidade das cervejas no Brasil. Com tanta coisa que precisa mudar, acredito que essa nomenclatura nem precisa entrar no texto, mas eu considero errado chamar de chopp a cerveja servida em barril então eu chamo de cerveja na pressão. Acredito que seja o termo que melhor se adapte a nossa realidade.




Alguns eventos e algumas micro cervejarias tem a consciência de mostrar para os consumidores que essa diferença, na verdade, não existe.


Como exemplo cito o Festival da Cerveja Gaúcha que foi um grande sucesso de público e cervejas com a presença das melhores micro cervejarias do Rio Grande do Sul. Em todas as mídias utilizadas para a divulgação do evento deixavam claro que seriam mais de "90 cervejas em barril". O comercial que rolou na TV você pode assistir clicando aqui.







O mais importante de tudo é sabermos que cerveja é cerveja. Seja ela enlatada, engarrafada ou embarrilada. Que seja boa e que a fonte nunca seque.

No próximo Mitos e confusões vou estar falando sobre o mito que gira em torno da água na produção de cerveja. Até breve.